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Entrevista ao presidente do Conselho de Arbitragem da FPF

​João Branco, Setembro 2012

O Nafism esteve à conversa com Vitor Pereira, presidente do Conselho de arbitragem da FPF, à margem da ação de formação para árbitros e observadores de futebol e futsal, realizada nos dias 28,29 e 30 de Setembro, na sede da Associação de Futebol de Ponta Delgada.

NAFISM: Pela sua experiência na arbitragem, acha que os núcleos são importantes na formação dos árbitros?
Vitor Pereira:
Eu cresci nos núcleos, desde que me formei como árbitro, fiz parte Núcleo de Árbitros Américo Barradas em Lisboa.

Foi fundamental para a minha carreira, não só porque tinha lá árbitros de primeiríssimo plano, árbitros internacionais, e estamos a falar de Vitor Correia, Pinto Correia, António Marçal, Jorge Coroado, todos os árbitros de primeira categoria, que mais tarde chegaram a internacionais e portanto, todos eles contribuíram muito para o meu desenvolvimento como árbitro.

Deste ponto de vista, e do ponto de vista da arbitragem, foi determinante na minha carreira. Mais tarde, acabei por ser o vice-presidente e presidente do núcleo e foi aí que comecei a minha carreira como dirigente.

Costumo dizer que a arbitragem tem, na sua estrutura, uma academia de dirigentes, porque temos cerca de 50 núcleos no país e se em cada núcleo tiver 15 dirigentes, nós temos várias centenas de dirigentes de núcleos de árbitros, que podem vir a ser no futuro dirigentes dos conselhos de arbitragem distritais e nacionais.

Deste ponto de vista, do ponto de vista da gestão, da direcção, foi o meu começo enquanto dirigente. Vocês estão de parabéns, porque vão contribuir para a melhoria da arbitragem em São Miguel e vão, com certeza, ter no vosso seio árbitros que vão atingir o topo.

N: Que funções acha que os núcleos devem ter?
V.P:
Fundamentalmente duas. Uma função educativa e uma função social. Educativa na medida em que pode, através das vertentes técnicas, privilegiar o ensino das leis do jogo, mas também questões de ordem social, como o saber estar e um conjunto de matérias que numa relação de ensino e aprendizagem pode levar os árbitros a melhorar as suas competências.

N: Acha que os núcleos, juntamente com o conselho de arbitragem, podem obter uma cooperação entre si importante para a arbitragem?
V.P:
Podem e devem. Os núcleos têm um papel mais de base e os conselhos de arbitragem, um papel mais institucional. Ambos têm toda a razão e a necessidade de colaborarem.

 

N: Qual a sua opinião sobre a arbitragem aqui em São Miguel?
V.P:
O que eu vi nestes dois dias que estive mais de perto aqui convosco foi pessoas entusiasmadas, com vontade de aprender e jovens. Creio que estão reunidos os três requisitos para o sucesso, ou seja, vontade, determinação e idade. Estou muito optimista relativamente ao núcleo e à arbitragem aqui em Ponta Delgada.

N: Acha que a AFPD tem condições para colocar mais árbitros nas ligas profissionais de futebol?
V.P:
Não é a AFPD que consegue, são os árbitros. A progressão na carreira está centrada e depende dos árbitros e da forma como eles se projetam e trabalham. Se eles trabalharem muito e se mostrarem as suas competências, conseguirão ter sucesso e chegarão ao mais alto patamar.

N: Esta é a primeira ação de formação deste género a nível nacional e regional. Estão previstas mais ações deste género nas próximas temporadas ou mesmo durante esta época 2012/2013?
V.P:
A política do Conselho de Arbitragem vai ser uma política de proximidade com todas as associações distritais e, em particular, com aquelas que têm menos recursos à sua

 disposição, como recursos humanos, técnicos, logísticos, tecnológicos, financeiros, etc. Esta associação (Associação de Futebol de Ponta Delgada) insere-se dentro destes pressupostos e, portanto, teremos muito gosto em cá voltar, porque entendemos que é muito importante termos não só uma arbitragem forte no continente, como nas ilhas.

N: Então é para continuar ao longo dos anos?

V.P: Penso que sim, evidentemente.
 

N: É positivo para os árbitros ter estas acções de formação?
V.P:
É positivo para os árbitros, mas também é positivo para o conselho de arbitragem sentir ao vivo que há pessoas empenhadas, pessoas apaixonadas, pessoas que querem muito dar o seu contributo para a melhoria da arbitragem nacional.

N: Como é que o Conselho de Arbitragem pretende captar mais jovens para a arbitragem?
V.P:
Com ações deste género, com medidas de marketing, com a possibilidade de ter mais árbitros em grandes competições internacionais, arbitrarem as finais da Liga dos Campeões e do Campeonato da Europa, ter arbitragem portuguesa em todas as grandes competições. Isto serão factores importantes para o desenvolvimento da arbitragem.

N: Acha que faltam árbitros em Portugal ou temos árbitros suficientes?

V.P: Faltam muitos árbitros, há um grande défice de arbitragem. Temos rapidamente que passar de cerca de 3500 para 5000 árbitros no país e queremos que este aumento de quantidade possa também dar um aumento de qualidade à arbitragem nacional.

"Eu cresci nos núcleos, desde que me formei como árbitro."

“A progressão na carreira está centrada e depende dos árbitros e da forma como eles se projetam e trabalham.”

"Temos rapidamente que passar de cerca de 3500 para 5000 árbitros no país."

Foto: NAFISM

Foto: NAFISM

Foto: Direitos Reservados

NAFISM - Núcleo de Árbitros de Futebol da Ilha de São Miguel

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